O Meu Pai: Uma Jornada de Descoberta e Superação



Crescer sem a presença de um pai é uma experiência que carrega muitas perguntas e sentimentos misturados. Eu não convivi com o meu pai e, por muito tempo, não senti nem amor nem ódio por ele. Era uma falta que eu não sabia bem como preencher, até que, em 2006, algo aconteceu que mudaria tudo.


Decidi, então, procurar por ele. Com a ajuda da internet e das redes sociais, fui em busca de informações, tentando conectar as peças de um quebra-cabeça que havia faltado por toda a minha vida. Minha busca começou com minha tia Denise Lima, irmã do meu pai, mas o que eu encontrei, na verdade, foi outra Denise – Denise Nobre Saúde, uma pessoa da família do meu pai que, por coincidência, ajudou muito na minha jornada.


Ela se tornou minha detetive pessoal. Passamos meses trocando informações e construindo a história da minha família paterna, algo que eu não conhecia. Mesmo sem vínculos com os familiares dele, eu sentia que, finalmente, havia encontrado uma conexão.


Após muita pesquisa, descobri que meu pai se casou com outra pessoa logo depois de eu nascer e que ele tem outros filhos. Embora as respostas sobre ele não tenham sido fáceis, a Denise se tornou uma amiga verdadeira, alguém que me mostrou que a vida pode ser cheia de surpresas e que, com esforço, as peças do quebra-cabeça podem se encaixar.


O tempo passou, e eu tomei a decisão de ir à Justiça. Com os dados que consegui coletar, entrei com uma ação. Depois de dois anos, a vitória chegou: ganhei um salário-mínimo como resultado da ação contra meu pai.


Quando era pequena, as férias em Nanuque com minha avó eram os momentos mais especiais. Minha avó, muito religiosa, me levava para a Igreja Batista da cidade, e, junto a ela, eu me sentia protegida e amada. Mesmo sem o meu pai por perto, minha avó foi uma verdadeira heroína, uma presença fundamental em minha vida.


Embora eu tenha tentado me conectar com meu pai, ele nunca respondeu a uma carta que enviei. Isso me fez refletir sobre o significado de ser filho e a importância das relações familiares.


Ser filho é muito mais do que ter um pai ou uma mãe presentes; é sobre as experiências, o carinho, e as lições que recebemos ao longo da vida. No meu caso, apesar das dificuldades e das faltas, sempre pude contar com a minha mãe, que foi uma fonte constante de amor e apoio. Embora eu não tenha vivido com meu pai, a figura da minha mãe foi mais que suficiente para me ensinar sobre a vida, sobre o amor incondicional e sobre o valor das pequenas coisas.


O relacionamento entre mães e filhos é sempre uma via de mão dupla, cheio de altos e baixos, mas essencial para o nosso crescimento. As mães, com seu cuidado, atenção e amor, nos ensinam desde o nascimento sobre o que é o verdadeiro significado de amor.


Para aqueles que cresceram sem um pai presente, o amor das mães se torna ainda mais valioso. Porque é esse amor, essa dedicação, que realmente molda quem somos. Mesmo com as ausências, sempre há uma forma de encontrar forças dentro de nós para seguir em frente.


Cada experiência, cada descoberta, e cada superação faz parte da jornada. Eu sigo aprendendo com a minha história, aceitando as ausências e celebrando as presenças, porque, no final, são essas experiências que me tornam quem sou.



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