Ela se aninhou no abraço, sentindo o calor e a proximidade. Pediu para ficarem assim, apenas abraçados. Sabia que parecia um pedido ingênuo, quase infantil, e riu de si mesma ao perceber como soava estranho. Abraçadinhos? Que coisa horrível de se dizer. Mas ele apenas sorriu e respondeu que tudo bem.


O silêncio se instalou entre os dois. Tinham passado horas conversando, rindo e se beijando, e agora o cansaço chegava junto com o amanhecer. Do lado de fora, os primeiros pássaros começavam a cantar, trazendo um som familiar que sempre a fazia sentir uma pontada de arrependimento. Como se algo inevitavelmente fosse se desfazer com a chegada do dia.


Ela tentou não pensar nisso. Ainda era cedo para saber o que sentiria. Talvez mais tarde, com um pouco de sono e uma xícara de chá, tudo parecesse mais claro. Mas agora, ali, naquele instante, ela queria apenas aproveitar o momento, o calor do corpo dele, a sensação de pertencimento, mesmo que fosse passageira.


O futuro parecia um grande espaço em branco à sua frente, esperando para ser preenchido. E isso a assustava. Não se sentia pronta para a vida adulta, para as decisões e responsabilidades que viriam. O que faria agora? Como ocuparia seus dias? Não sabia. Mas queria ser corajosa. Queria fazer algo que importasse, que tocasse as pessoas, que fizesse diferença. Escrever, talvez. Criar algo belo.


Suspirou, deixando os pensamentos vagarem, e antes de adormecer, murmurou algo sobre o dia que estava nascendo. Ele respondeu, mencionando uma superstição sobre o clima. Ela riu. Não fazia sentido, mas nada precisava fazer sentido naquele momento.


Fechou os olhos, sentindo o peito dele subir e descer em um ritmo lento.


— E se não chover hoje? — murmurou.


Ouviu a resposta e sorriu de leve.


Um novo dia estava começando. E, por enquanto, isso era o suficiente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estilo de Vida

🎯 Público-Alvo